Hei Flávio Dino, você e seus cupinchas quiseram pegar carona no factóide do teu aliado tucano na Veja e olha no que deu!!!
Veja atira em Dilma e acerta em Aécio e Marina com escandalização da delação premiada
Há uma escandalização da delação
premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto da Costa. Coberta de
sigilo, com as gravações dos depoimentos criptografados, segundo o
noticiário, nomes de políticos suspeitos – alguns são os suspeitos de
sempre – estão nas páginas de uma revista, mas provas, que é bom, não
foram mostradas.
Antes de mais nada, a delação é
bem-vinda. Quem cometeu crimes que responda por eles. Mas precisa ter
consistência. Até programas sensacionalistas de TV mostram exame de DNA
quando há casos de “delação” de suposta paternidade.
O que não é bem-vindo é a escandalização
forçada em matérias recheadas de adjetivos e suposições sem provas, sem
o equivalente ao exame de DNA, ainda mais na véspera de irmos às urnas,
o que ganha feições de golpes baixos de campanhas eleitorais sem
escrúpulos.
Faltando menos de um mês para a eleição,
Aécio Neves (PSDB) parece tão desesperado quanto o próprio delator, ao
se lançar como beneficiário da escandalização. Isso porque no listão de
políticos suspeitos montado pela revista Veja – sem nenhum
documento, nem referência a fontes – não aparecem tucanos, por ora. O
alvo da reportagem foi Dilma Rousseff (PT), por haver políticos da base
governista, e Marina Silva (PSB), por incluir o nome do ex-companheiro
de chapa, Eduardo Campos, entre os três governadores citados como
envolvidos no suposto esquema.
Como Dilma é presidenta da República, o
que ela deveria fazer? Exigir que a Polícia Federal (PF) investigue. Ué,
mas isso já está sendo feito há muito tempo. Inclusive a delação
acontece justamente nas dependências da PF, onde o delator foi preso há
meses. Nesse contexto, Dilma tem como neutralizar o efeito político
tentado contra sua candidatura, pois pode lembrar ao eleitor que as
instituições de combate à corrupção em seu governo funcionam e existe um
processo de depuração na política que nunca houve em governos
anteriores. E é incomum haver em governos estaduais, fora da jurisdição
federal. Talvez essa depuração seja a verdadeira “nova política”, pelo
menos em parte, pois outra parte depende de reforma constitucional no
sistema político.
A candidatura de Marina sofre danos com
essa escandalização porque vinha surfando no discurso da pureza na
política e vê líderes de seu partido acusados de praticar tudo de ruim
que ela chama em seu discurso de “velha política”. Mesmo que Marina não
apareça envolvida diretamente, o discurso da pureza é abatido pela
convivência em um ambiente partidário contaminado.
Aécio Neves, que se lança como
beneficiário da escandalização, pode se sair pior do que pensa.
Campanhas de ataque, de demonização da política, atingem seus
adversários mas atingem também seu próprio perfil e produz severas
baixas entre seus próprios aliados, o que pode desagregar mais ainda sua
campanha nos estados.
Apesar dos esforços da imprensa
tradicional de pautar a campanha eleitoral com esta escandalização, é
questionável se o efeito no eleitorado beneficia a oposição. Em vez de
recolocar Aécio na disputa pelo segundo turno, pode apenas aumentar a
rejeição a todos os candidatos, fazendo crescer o número de votos nulos,
brancos e abstenções.
Dilma é quem tem menos a perder, pois já
sofreu incontáveis desgastes, bombardeada com um noticiário
sistematicamente adverso, e o piso de votos dela mostra-se resistente
nos níveis que as pesquisas têm mostrado. Aécio pode estancar sua queda
em um primeiro instante, mas deve voltar a cair em seguida, pois seu
partido e sua candidatura não convencem como bastiões da ética e o
eleitor não vota em quem só ataca adversários. Marina pode perder
intenções de votos para nulos ou para a própria Dilma. Afinal se Marina
tem problemas com seus aliados tanto quanto Dilma, as conquistas de
prosperidade nos últimos anos e a campanha propositiva podem falar mais
alto e definir o voto de muita gente.
Paradoxalmente, se Aécio e a imprensa
que o apoia conseguirem emplacar a pauta da escandalização, o quadro
eleitoral pode voltar a ser parecido com aquele que havia antes da morte
de Eduardo Campos, com Aécio e Marina caindo nas intenções de votos,
nulos crescendo, Dilma mantendo-se estável e com chances de superar a
soma de votos dos adversários, o que a levaria à vitória em primeiro
turno.
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