De novo: Flávio Dino recebeu quase R$ 3,2 milhões de envolvida com trabalho escravo
Doações da OAS correspondem a 51% do total recebido pela campanha do comunista. Maranhenses estavam entre os trabalhadores escravos resgatados. Empresa é envolvida ainda com propina a políticos
Por Atual 7
O candidato pelo PCdoB ao Governo do Maranhão, Flávio Dino, parece
ter a vocação por ser bancado com dinheiro advindo de empresas
flagradas por auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE) e procuradores do Ministério Público do Trabalho (MPT) submetendo
maranhenses à condições análogas às de escravos.
Depois
de ser financiado eleitoralmente com R$ 500 mil em 2010 – que
corresponde a 92,62% de todo o dinheiro gasto na campanha eleitoral –
pela empresa Alcana Destilaria de Álcool, de Nanuque, Minas Gerais,
pertencente à escravista Infinity Bio-Energy Brasil Participações, o
comunista voltou a receber dinheiro para a campanha eleitoral, agora em
2014, de outra empresa escravista, a Construtora OAS S/A, embora conheça
o quão desumano é a questão, por ter integrado a Comissão Nacional de
Erradicação do Trabalho Escravo, do Governo Federal, e, segundo o PCdoB,
ser autor de um estudo a respeito do crime contra os direitos humanos,
intitulado ‘O Combate ao Trabalho Forçado no Brasil: aspectos
jurídicos’.
Levantamento do ATUAL7 na segunda parcial de prestação de contas de
Flávio Dino, divulgada no início de agosto pelo TSE (Tribunal Superior
Eleitoral), mostra que o candidato do PCdoB recebeu da OAS o total de R$
3.110.416,66 (três milhões, cento e dez mil, quatrocentos e dezesseis
reais e sessenta e seis centavos). Para se ter uma ideia da importância
do valor destinado pela
CANDIDATO DE ESCRAVISTAS Maior doadora de campanha de Dino nestas
eleições manteve maranhenses e outros nordestinos condições de trabalho escravo.
Foto: Divulgação
empresa, o valor corresponde a mais de 51% do
total de doações recebidos pelo cabeça da coligação ‘Todos pelo
Maranhão’ – que pode aumentar, já que os números consolidados das
doações e gastos de campanha só serão divulgados após o segundo turno.
Em novembro de 2013, a OAS firmou acordo com o Ministério Público do
Trabalho (MPT) de São Paulo em que se comprometeu a regularizar as
situações trabalhistas e a pagar indenização de R$ 15 milhões por danos causados pelo uso da mão de obra em condições análogas à escravidão em
obras de expansão do aeroporto internacional de São Paulo em Guarulhos.
Em força-tarefa do MTE e do MPT, dos 150 operários encontrados nessa
situação, 111 eram do Maranhão, Pernambuco, Bahia e Sergipe – inclusive indígenas da etnia Pankararu. Posteriormente, mais 39 trabalhadores nas mesmas condições foram encontrados e inseridos no acordo.
Dentre as situações encontradas pelo MPE e MPT, parte significativa dos pedreiros, carpinteiros, armadores e serventes maranhenses,
aguardava ser chamada para trabalhar alojadas em onze casas de Cumbica
que estavam em condições degradantes. Além do aliciamento e da situação
das moradias, também pesou para a caracterização de trabalho escravo o
tráfico de pessoas e a servidão por dívida.
A empresa que bancou mais de 50% dos gastos de Flávio Dino nestas
eleições é alvo de uma investigação da Polícia Federal e de um processo
do Ministério Público Federal (MPF), por desviar U$ 22 milhões da
construção da Avenida Água Espraiada (atual Jornalista Roberto Marinho) e
repassar o valor para paraísos fiscais como propina ao ex-governador do
Estado, Paulo Maluf. O caso já havia sido revelado pelo ATUAL7.
A OAS foi ainda devassada na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)
dos Precatórios, realizada pela Câmara dos Deputados, que apurou e
comprovou a remessa de US$ 6,8 milhões enviados pela empreiteira para
contas que mantinha em Genebra, em nome de duas empresas ‘offshore’ de
Cayman.
Durante a revelação de que havia recebido em 2010 R$ 500 mil de uma
envolvida com trabalho escravo de maranhenses, Flávio Dino alegou que,
embora pertencente ao Infinity Bio-energy, a Alcana Destilaria de Álcool
não estava incluída na ‘Lista Suja’ do trabalho escravo, mantida pelo
MTE e pela ONG Repórter Brasil. Agora, para receber quase R$ 3,2 milhões
‘diretamente da fonte’ escravista, o comunista parece não ter
enfrentado a mesma tristeza de quando lamentou o episódio envolvendo 25
maranhenses que trabalhavam em condições análogas ao trabalho escravo em
construção do Arraial da Lagoa da Jansen, organizado pelo Governo
Roseana Sarney.
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