Por: Adriano Sarney
A Dora, funcionária da padaria que frequento, ganha um pouco
mais de um salário mínimo, mas paga R$ 140 de energia elétrica. O que já era um
absurdo vai piorar com o “pacote de maldades” do Governo do Estado. A partir de
janeiro, a Dora vai pagar 40% a mais de imposto sobre a conta de luz. O ICMS
para quem consome menos de 500 quilowatts/hora vai passar de 12% para 18% (quem
consome acima desse limite vai pagar 27%). E não para por aí. Vai ter aumento
na telefonia, na TV por assinatura, na gasolina e no álcool. O Ribamar, marido
da Dora, que é taxista e já paga caro pelo combustível, não gostou nada disso,
se sente enganado por ter votado no governo comunista.
Pior que o aumento do imposto é a desculpa que o governo deu
para esta ação equivocada. Segundo o governador, “a medida se destina a
proteger dos efeitos da crise os maranhenses que precisam do Estado.” No
entanto, aumentar impostos agrava ainda mais a crise econômica, principalmente
quando afeta diretamente os menos favorecidos. A lógica invertida de transferir
dinheiro da população para a inchada e ineficiente máquina do governo pode, aí sim,
colocar o Maranhão no mesmo patamar dos estados “quebrados,” a exemplo do Rio
de Janeiro. O governo tem que cortar na própria carne, reduzir despesas e criar
incentivos para a economia voltar a crescer. Impostos reduzem o poder de compra
da população e em momentos de crise geram falências e demissões. O PIB encolheu
0,33% no último trimestre, 16 mil postos de trabalho foram perdidos só em 2015.
O Maranhão que crescia a uma média de 10% ao ano, gerava empregos e ainda tinha
condições de bancar a conta de energia elétrica para 100 mil famílias pelo
programa Viva Luz, ficou para trás.
Flávio Dino recebeu o governo com um percentual da despesa com
pessoal de 38,70% em janeiro de 2015 (no final do ano passou a ser 42,83%) e
dívidas que equivaliam a 57,04% (após 12 meses subiram para 68,28%) da receita
do estado. O governador Pezão recebeu o Rio de Janeiro com dívidas equivalentes
a 195,17% da receita. Mas, apesar de ter recebido uma máquina enxuta em
comparação com outros estados e com recursos do BNDES de extraordinários R$ 2
bilhões em caixa, o governo cometeu uma verdadeira lambança nas contas
públicas, aumentou o custeio em 15%, onerou a máquina, contraiu novas dívidas e
hoje é a administração com o maior número de Secretarias do Brasil, são 29,
enquanto Goiás, por exemplo, tem apenas 10.
Após verificar o tamanho dos erros cometidos no primeiro ano de
governo, o remédio amargo do governador foi o de reduzir os investimentos
públicos, em 2015 deixou de investir R$ 1 bilhão para pagar despesas, e
aumentar os impostos, passou a cobrar mais ICMS, tanto que houve aumento de 17%
nas receitas tributárias, dinheiro de mais impostos para concertar o erro do
governo.
A perversidade é tanta que nem mesmo os gordos recursos da
Repatriação, de R$ 286 milhões, o segundo maior do país, e os novos empréstimos
que somam incríveis R$ 600 milhões, são suficientes para saciar a sede
comunista de taxar, onerar e prejudicar a população. E neste final de ano temos
mais essa medida nefasta para a economia de nosso estado. Mas, medidas
impopulares parecem não afetar as decisões de Flavio Dino, que sempre tem a tal
da “oligarquia” para culpar. E ao culpar, é agressivo, indelicado, imprudente e
demonstra todo o seu lado autoritário.
Isto dito, finalizo com uma frase do Ribamar, o taxista, marido
da Dora, que votou no projeto comunista e agora terá de conviver com o aumento
da gasolina: “éramos felizes e não sabíamos.”
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