Por: Abdon Marinho
COSTUMO ouvir,
sobretudo, quando converso com os mais jovens a expressão “o Diabo é moleque”.
A expressão atende a uma infinidade de situações. E, deve ter sua razão de ser,
tanto que se coloca no mesmo título, o próprio, o comunismo e a política
maranhense. Mais que isso, os três estiveram ou estão entrelaçados como
demonstraremos abaixo.
Tudo começou
quando o senador Roberto Rocha (PSB/MA), fez uma postagem em suas redes sociais
com o seguinte teor: “Todo governo tem um plano. Qual o plano do atual governo
do Ma? Seguir fazendo praças ruas? Ou continuar financiando o comunismo na
América Latina”. Na imagem que compunha o texto, um Diabo em vermelho,
excessivamente compenetrado, na leitura de um livro, igualmente vermelho,
contendo na capa a foice, o martelo e a estrela, símbolos universais do
comunismo, corrente e partido ao qual se filia o governador do estado, Flávio
Dino.
Pois bem,
bastou isso para que o senador apanhasse mais que galinha para largar o choco
ou, como, também, costumam dizer lá pelo meu sertão, sofre mais que sovaco de
aleijado (posso usar a expressão por falar do boi em cima do couro).
Se bem
analisados os fatos, veremos que a “taca” no senador foi menos pela crítica em
referência e mais pelo, assim digamos, “conjunto da obra”. No vale-tudo da
política maranhense é chamado a responder pelos atos do governo do pai
(1983-1986), quando ainda era um menino de calças curtas; pela administração do
irmão no município de Balsas; pela gestão das empresas da família e pelos
pecados que cometeu ou que ainda pretenda cometer.
O senador, ao
que parece, faz questão de cultivar a má-fama, mas, na verdade, ele apanha
(também) porque, como já deixou claro e nunca escondeu de ninguém, tem
pretensões maiores que o Senado da República e sonha, desde sempre, com o
governo maranhense, agora, em 2018 ou na eleição seguinte, e é isso que o atual
inquilino dos Leões não quer nem ouvir falar.
Daí, com
justeza ou meramente como estratégia política, trabalha e coloca os que estão
às suas expensas e da viúva, para aniquilar a imagem do senador. Basta dizer
que o grupo político do governador já criou e explora uma “hashtag” com o nome
do senador associada às palavras traição ou traidor.
Só pode ter
parte com o Diabo o fato de duas pessoas eleitas juntas e fazendo juras de amor
eterno, em prejuízo do Maranhão, passem a se tratarem desta forma.
Uma verdadeira
lástima não termos senadores, deputados e governador, unidos, trabalhando para
tirar o estado das auguras do atraso. Se vivo fosse o meu pai, certamente
diria: “– criem tento, senhores, criem tento”. Aos mais jovens, para os quais a
expressão possa não fazer muito sentido, significa, tão somente, prestar a
atenção no serviço ou, vocês foram eleitos para fazer algo pelo povo e não para
ficarem se engalfinhando na defesa dos próprios interesses.
Se, de um
lado, temos um senador que sonha acordado com a possibilidade de um dia ser o
inquilino número um dos Leões, o governador/inquilino não cogita deixar o
posto, a menos que seja para alçar voos maiores, talvez como candidato à
presidência da República ou a vice-presidente, numa chapa da chamada esquerda
brasileira, a mesma que no poder produziu escândalos que assombram o mundo por
sua magnitude.
O Maranhão, decerto, só pode ter sido esquecido por Deus ou, noutro passo não
consegue sair da lembrança do Diabo.
Voltando à crítica feita pelo senador e essa conotação de exploração política
pelas razões pouco republicanas, de parte a parte, que se viu acima, somos da
opinião de que a mesma não é de toda despropositada ou, noutras palavras,
talvez o Diabo não seja tão vermelho quanto foi pintado.
O conteúdo da colocação do senador é pertinente. Até agora o governo estadual
não mostrou um plano claro de desenvolvimento para o Maranhão. E ainda não
fomos apresentados à estratégia de crescimento nos setores chaves, com
agricultura, infraestruturas, etc. Podemos dizer, e o fazemos com tristeza, que
passados dois anos (estamos a poucos dias disso), o governador tem sido um
prefeito mediano. As poucas conquistas não são capazes de fazer inveja a um bom
ou regular prefeito.
Faz um governo
sem grandes ambições, inaugura pintura de escolas, praças e solta rojões por,
ainda, pagar os servidores em dia, como se isso fosse uma grande conquista. Com
o devido respeito, de governo de estado, já a caminho do terceiro ano, se
esperava muito mais.
Uma das mais
importantes promessas de campanha foi a que assentou a transformação da MA 006,
aquela que ligaria Apicum-Açu, no norte a Alto Parnaíba no sul do estado, na
rodovia da integração, um eixo para o desenvolvimento do Maranhão.
Alguém sabe
informar quantos quilômetros desta estrada já foram feitos? Será que, ainda em
sonhos, existe a possibilidade desta rodovia ser transformada neste quadriênio
no eixo de desenvolvimento do estado? Lembro que só faltam dois anos com dois
invernos entre eles.
Outra
propaganda muito interessante foi aquela em que o então candidato dirigia pelas
MA’s da ilha prometendo transformá-las em verdadeiras rodovias, dignas do nosso
povo. Passamos por elas todos os dias, e sabemos que nada ou quase nada, foi
feito, nem a obra de drenagem apontada com definitiva na Estrada de Ribamar
correspondeu à altura nas primeiras chuvas deste inverno; as obras na
Forquilha, não passam de um paliativo e andam a passo de cágados atrapalhando
comerciantes, motoristas e transeuntes; a obra na outra rodovia da ilha, MA
203, a Estrada da Raposa, com apenas 3 km, depois de consumir três anos (um de
Roseana Sarney e dois de Flávio Dino, sem falar nos diversos interinos), a um
custo ignorado (até hoje o atual governo não colocou uma placa, por menor que
seja, informando o valor da chamada requalificação, a ser acrescido aos 30
milhões de reais, originalmente contratados), ao que parece, não tarda a ser
entregue. Depois de três anos.
Apenas um ano
para cada quilômetro de duplicação/requalificação.
Para os
padrões maranhense até que foi rápida.
Entusiasta da
educação, vibrei e elogiei publicamente o “Programa Escola Digna”, muito bom
por sinal.
Mas mesmo
esse, numa das melhores pastas de qualquer governo, a da educação, não tem
avançado muito, as escolas em um bom padrão, se as fizeram, passados dois anos,
ainda estão longe das metas divulgadas.
Com toda
certeza, repito, esperávamos bem mais do atual governo, sobretudo, considerando
que os chamados oposicionistas (hoje governistas) sempre atribuíram as mazelas
do grupo Sarney, principalmente, a corrupção, a responsabilidade por todos os
malefícios e atraso do Maranhão.
Passados dois
anos já passa da hora do novo governo apontar o rumo, mostrar um plano de
desenvolvimento conforme instado a fazê-lo pelo senador Roberto Rocha.
Neste sentido,
entendo como perfeitamente pertinente a cobrança. Até porque, o senador
apresentou – e logo nos primeiros dias de mandato e tem batalhado por isso –, o
projeto de criação da Zona de Exportação do Maranhão. Um projeto muito
interessante e sobre o qual já escrevi.
Como disse
naquela oportunidade, considero a criação e implantação da ZEMA o mais
importante projeto para alavancar o desenvolvimento do Maranhão.
Como cobrei
naquela ocasião, esta seria uma causa para unir toda a classe política e todos
os maranhenses.
Infelizmente,
como tudo por aqui gira em torno dos interesses politiqueiros, o projeto por
ser de iniciativa do senador/demônio – na visão dos comunistas que estão no
poder –, as chances de união são nulas. Ninguém fala nisso, ninguém batalha por
isso, exceção feita ao próprio autor e uns poucos. Pelo contrário, parece-me
que trabalham contra, quando, por todos os meios, tentam desqualificar o autor
e a iniciativa.
As vezes me
pego a pensar se algum dia os políticos do Maranhão pensarão menos em si, nos
seus projetos pessoais, nas próximas eleições – a eleição municipal é sempre a
prévia da estadual, e esta da eleição futura –, e mais nos interesses do
estado, nos projetos que nos possibilite sair das lanternas dos indicadores e
faça com que um estado, tão rico não seja habitado por um povo tão pobre.
Infelizmente,
a cada dia que passa, chego conclusão que ainda estamos distantes deste dia.
Meus senhores,
com os políticos que temos, o diabinho vermelho tentando entender o manual
comunista é o menor dos nossos problemas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário