Uma rede de empresas fantasmas envolve o avião em morreu Eduardo Campos
O Jornal
Nacional obteve, com exclusividade, documentos importantes da operação
de compra e venda do jato Cessna, que era usado pelo candidato do PSB à
presidência, Eduardo Campos. O dinheiro que teria sido usado para pagar o
avião em que morreu o candidato Eduardo Campos passa por escritórios em
Brasília e São Paulo e por uma peixaria fantasma em uma favela do
Recife. “Eu estou até desnorteado. Como é que eu tenho uma empresa sem
eu saber?”, questiona um homem.
O Jornal
Nacional teve acesso com exclusividade aos extratos da conta AF Andrade –
empresa que, para a Anac, é a dona da aeronave. Mas a AF Andrade afirma
que já tinha repassado a aeronave para outro empresário, que emprestou
para a campanha de Campos. Os extratos que já foram entregues à Polícia
Federal mostram o recebimento de 16 transferências, de seis empresas ou
pessoas diferentes. Num total de R$ 1.710.297,03. Nos extratos, aparecem
os números do CPF das pessoas físicas ou do CNPJ, das empresas que
transferiram dinheiro para a AF Andrade. Com esses números, foi possível
chegar aos donos das contas.
A empresa
que fez a menor das transferências, de R$ 12.500, foi a Geovane
Pescados. No endereço que consta no registro da peixaria encontramos
Geovane, não a peixaria. “Acha, que se eu tivesse uma empresa de
pescado, eu vivia numa situação dessa?”, diz Geovane. Outra empresa, a
RM Construções, fez 11 transferências, em duas datas diferentes. Cinco
no dia 1º de julho e mais seis no dia 30 de julho, somando R$ 290 mil.
O endereço
da RM é uma casa no bairro de Imbiribeira, em Recife. Mas a empresa de
Carlos Roberto Macedo não funciona mais lá. “Tinha um escritório. Às
vezes, guardava o material do outro”, conta ele. Tentamos falar por
telefone com Carlos, mas ele pareceu não acreditar quando explicamos o
motivo da minha ligação.
Repórter: Você andou depositando dinheiro para comprar de um avião?
Carlos: Tem certeza disso?
Carlos: Tem certeza disso?
Já um
depósito de quase R$ 160 mil saiu da conta da Câmara & Vasconcelos,
empresa que tem como endereço uma sala vazia em um prédio e uma casa
abandonada. Os dois lugares em Nazaré da Mata, distante 60 quilômetros
do Recife. A maior transferência feita para a AF Andrade foi de R$ 727
mil, no dia 15 de maio, pela Leite Imobiliária, de Eduardo Freire
Bezerra Leite. E completam a lista de transferências João Carlos Pessoa
de Mello Filho, com R$ 195 mil, e Luiz Piauhylino de Mello Monteiro
Filho, advogado com escritórios em Brasília, Recife e São Paulo, com uma
transferência de R$ 325 mil.
Luiz
Piauhylino de Mello Monteiro Filho disse que realizou, em junho, uma
transferência bancária de R$ 325 mil e que esse valor é referente a um
empréstimo firmado com o empresário João Carlos Lyra Pessoa de Mello
Filho. O empresário João Carlos Lyra declarou que, para honrar
compromissos com a empresa AF Andrade, fez vários empréstimos, com o
objetivo de pagar parcelas atrasadas do financiamento do Cessna. A Leite
Imobiliária confirmou que transferiu quase R$ 730 mil para a AF Andrade
como um empréstimo a João Carlos Lyra.
Já o PSB
declarou, nesta terça-feira (26), que o uso do avião foi autorizado
pelos empresários João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho e Apolo Santana
Vieira. E que o recibo eleitoral, com a contabilidade do uso do Cessna,
seria emitido ao fim da campanha de Eduardo Campos. O PSB afirmou que o
acidente, em que morreram assessores do candidato, criou dificuldades
para o levantamento de todas informações.
FONTE: Jornal Nacional
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