Pôncio Pilatos e a greve dos professores
“Acho injusta essa pergunta porque o prefeito Edivaldo Holanda não
está aqui para se defender”, foi assim que candidato comunista ao
Governo do Maranhão, Flávio Dino, se esquivou de responder à pergunta do
candidato Saulo Arcângeli, do PSTU, ontem (18) durante um debate na TV
Guará.
Arcângeli citou que a Secretaria Municipal de Educação é comandada
pelo PCdoB e lembrou as greves de professores que atingem municípios
administrados por dois dos principais aliados de Dino: Edivaldo Holanda
Júnior, em São Luís e Sebastião Madeira, em Imperatriz. O candidato
incluiu na pergunta a informação de que ontem mesmo o secretário Geraldo
Castro sequer deu as caras e deixou os docentes esperando, em mais uma
reunião marcada para resolver o impasse.
Contrariado, Dino fechou a cara, agitou-se no pequeno espaço e reagiu
com sua visível prepotência que salta diante dos olhos dos
telespectadores. Depois de argumentar que “a greve era municipal e o
debate era sobre o governo”, lembrou que foi advogado de trabalhadores –
embora agindo como um Pôncio Pilatos, lavando as mãos, nesta greve que
se arrasta ante a completa indiferença da Prefeitura.
O comunista foi condescendente com a administração medíocre do
afilhado Holandinha, justificando que ele está com pouco mais de um ano
de mandato. Mas em nenhum momento proferiu uma única palavra de apoio
aos docentes que estavam acorrentados há quase uma semana e hoje (19)
iniciaram uma greve de fome.
Flávio Dino agiu como se, em 2012, não tivesse prometido diante da
população ludovicense e das câmeras de TV que Edivaldo Holanda Júnior
iria revolucionar a Educação municipal. E também como se o secretário
Geraldo Castro Sobrinho, indicado pelo seu partido para a gestão
educacional, não fosse o grande responsável pela péssima condução da
negociação com os grevistas, que chegam hoje o seu 87º dia de
paralisação. Como aluno que gazeia aula, o secretário fugiu da reunião
com o Ministério Público para tentar uma negociação com os professores e
encerrar a greve. Quais as causas tão nebulosas para tamanho desdém?
Acima do limite de cinismo permitido a um político, o ex-juiz ainda
teve a pachorra de atribuir os míseros 3% de aumento que a Prefeitura de
São Luís concedeu ao professores municipais, a uma “perseguição” para
tentar atingi-lo.
Quem está sendo perseguido é o povo ao viver em uma cidade
achincalhada por uma administração que faz contratos suspeitos com
empresas igualmente suspeitas para alimentar a fome de poder de um grupo
que, de maneira aviltante, quer governar o Maranhão com o blefe da
“mudança”.
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