Em texto publicado em sua conta pessoal no Facebook, o ministro da
Defesa do governo Michel Temer afirma que uma intervenção militar é possível
caso a crise política não se resolva
Leia,
abaixo, texto do atual ministro da Defesa, Raul Jungmann, em que aborda a
possibilidade de intervenção militar no Brasil.
por Raul
Jungmann
O principal
juízo dos militares sobre a crise parte da constatação de que os atores
políticos, legitimados pelo voto para apontar e construir os caminhos da
solução, abdicaram do papel que o grave momento nacional lhes reserva e
reduziram as enormes dificuldades que se abatem sobre nós a mera luta pelo
poder, na sua expressão mais primária. E ao esforço de preservação de
biografias que a cada dia se mostram mais indefensáveis.
Reclamam,
em síntese, da inexistência de vontade política para o enfrentamento efetivo
dos problemas e, em consequência, da incompreensível subordinação das razões de
Estado às conveniências político-partidárias.
A visão que eles têm da
crise atual pode ser assim resumida:
a. Estão fechados com o que diz a Constituição e seu papel por ela
definido. Nas suas palavras, nada farão fora do que diz o “livrinho” – nem para
por, nem para tirar ninguém. Também não aceitarão ou apoiarão aventuras
institucionais de qualquer das partes envolvidas;
b. Entendem, tendo em vista o aprofundamento social e econômico da
crise, que cabe aos políticos sua rápida resolução, antes que ela se agrave
ainda mais; e
c. Estão preocupados com a perspectiva de, não revertido o quadro de
deterioração em curso, se verem convocados a intervir em nome da Garantia da
Lei e da Ordem – GLO, art. 142, caput, da CF.
Convenhamos,
a conjuntura lhes dá razão quanto ao temor de um descontrole. O crescente
desemprego, a recessão, inflação, colapso fiscal de estados e municípios justifica
a preocupação. Ademais, a perspectiva inédita de três anos de recessão,
associada à vertiginosa perda de legitimidade do sistema político, de corrupção
endêmica do governo e de parte do parlamento, somadas a amplas manifestações
via redes sociais, torna cinzento nosso futuro.
Esse quadro
poderia ser saneado se a política não fosse refém dela própria, como já
dissemos anteriormente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário