Militância do PSB exige que deputados votem contra o golpe. Em novo
manifesto, militantes, senadores, deputados estaduais, governadores, prefeitos
e vereadores filiados ao PSB mandam recado ao seus deputados federais:
"Não aceitamos compor governo com Michel Temer. Um partido que teve Miguel
Arraes e toda sua biografia não pode apoiar o golpe à democracia".
Militantes, senadores, deputados, governadores, prefeitos e
vereadores filiados ao PSB estão entre os mais de 350 signatários de uma carta
entregue na tarde de hoje (15) à secretária especial da executiva nacional do
partido, Mari Trindade, em Brasília. No manifesto, eles cobram que os deputados
do partido votem contra o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff,
no domingo (17).
“O
manifesto é o recado de que a militância não aceita compor governo com Michel
Temer. A militância não foi ouvida pelo partido quando decidiu apoiar o
impeachment de Dilma”, afirma a advogada Fernanda Rosas Pires de Saboia,
militante do PSB, que coordenou a coleta de assinaturas. “Somos nós que
seguramos as bandeiras, que ajudamos na eleição dos quadros do partido”, diz.
Fernanda
entende que o PSB está sendo incoerente com sua história ao apoiar o golpe à
democracia por meio do impeachment. “Um partido que teve Miguel Arraes e toda
sua biografia, que nasceu com um projeto claro, de governo inclusivo, não pode
aceitar compor um governo com Michel Temer”. “Saímos do governo (Dilma) pela
porta da frente. E nunca entraremos em governo pela porta dos fundos.”
Confira a íntegra:
Carta
da Militância ao Partido Socialista Brasileiro
“O
que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons!” (Martin
Luther King)
Em
outubro de 2013, o Partido Socialista Brasileiro decidiu sair do governoDilma
por não acreditar no rumo que as coisas vinham tomando na condução do
país.Naquela ocasião, o saudoso líder Eduardo Campos fez questão de mais uma
vez frisar o compromisso com as transformações econômicas e sociais que o
governo Lula haviaproporcionado ao país, ressaltando todo o orgulho que ele
tinha de ter feito partedaquela história. Eduardo apontava as imensas
contradições na condução da gestãonacional, e antevia a chegada da crise
econômica e política, denunciando as equivocadas decisões fiscais, mas
principalmente ressaltando o perigo que era compartilhar tanto poder com o
PMDB.
Já
em 2013, o sonho da militância socialista era apresentar uma nova forma defazer
política, para avançar ainda mais no debate das desigualdades sociais e
regionais, com um pacto federativo para o país. As ideias da “nova política”
foram defendidas demaneira cativante, firme e entusiasmada por Eduardo, até o
último dia de vida. Por motivos lamentáveis e pueris, durante o período
eleitoral, o PSB e sua militância sofreram campanha covarde de difamação,
liderada pelo PT e seus (ex) aliados, mastambém por setores do PSDB, impedindo
que o país tivesse segundo turno entre duas mulheres de origem nas lutas
populares.
Passado
mais de um ano do processo eleitoral, a direção nacional do PSB deixou de lado
a proposta de construir uma alternativa de esquerda para o país e, em nome do
pragmatismo e fisiologismo eleitoreiros que assolam os partidos atualmente, alimenta
incessantemente uma campanha contrária à democracia e a legalidade, não só
contra o (péssimo) governo democraticamente eleito, mas também contra o próprio
legado do governo Lula, que sempre orgulhou a militância e sempre entusiasmou
Eduardo.
Hoje
assistimos constrangidos à união de dirigentes do PSB com aqueles que sempre
foram os nossos adversários. A insensatez é tanta que atentam contra a
democracia, tentando tirar do poder a presidente, que não cometeu crime, para
colocar algumas das figuras mais nocivas da sociedade brasileira – aqueles que
sempre denunciamos. É justamente por isso que decidimos que não iremos nos
calar!
Somos
totalmente contrários à proposta do PMDB e a forma como seus caciques conduzem
a República, seu partido e seus parlamentares. O Projeto do PMDB não é um
projeto que representa o nosso partido. Um partido que tenta chegar ao poder
com eleições indiretas, aliado à mídia e todas as forças conservadoras do país,
além de nunca ter sido legitimados pelas urnas, é totalmente avesso à
democracia e liberdade proposto pelo PSB.
Sejamos
claros e honestos com o Brasil: no domingo os deputados não intentam votar o
impeachment da presidente, mas aprovar uma rede de conchavos e acordos espúrios
que visam a levar Michel Temer à Presidência da República. A agenda que Temer e
seus asseclas defendem para o país é a de retirar direitos dos trabalhadores,
promover o conservadorismo religioso, frear a política de redução das
desigualdades sociais, ignorar o debate da soberania nacional – tudo patrocinado
pela velha elite de empresários paulistas, que não se conforma com o
crescimento econômico das regiões Norte e Nordeste do Brasil.
A
agenda Temer é exatamente a que aprendemos a combater desde a nossa criação,
com João Mangabeira e com as figuras de Antonio Candido e Francisco Julião
mobilizando as ligas camponesas. A nossa luta sempre será inspirada em figuras
como Antonio Houaiss e Jamil Haddad. Desde que o também saudoso líder Miguel
Arraes passou a dirigir o PSB, a nossa luta e a nossa formação passaram a ser
ainda mais focadas nos valores da soberania nacional, e na defesa dos direitos
da classe trabalhadora e dos mais carentes. Quem cerrou fileiras com esses
grandes dirigentes jamais tolerará o atentado que o PSB tenta impingir à
democracia e às nossas bandeiras históricas.
Diante
de tudo isso, a militância vem repudiar os deputados que estiveram em reunião
com Michel Temer, assim como clamar para que os parlamentares do PSB VOTEM
CONTRA o golpe que está sendo gestado no Congresso Nacional e no Palácio do
Jaburu, e voltem suas energias a construírem uma alternativa de esquerda a esse
projeto que hoje dirige o país.
Não
vamos desistir do Brasil: Socialismo e liberdade!
Fonte: Pragmatismo Politico
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