segunda-feira, 25 de abril de 2016

GOVERNO FLÁVIO DINO JÁ PAGOU MAIS DE R$ 141 MILHÕES PARA A EMPRESA EDECONSIL CITADA NA LAVA JATO

Planilhas foram apreendidas com o doleiro Alberto Youssef. Empresa pertence ao empresário Fernando Cavalcante, o Fernandão


Por: Yuri Almeida

Citada durante as investigações da Operação Lava Jato, a empresa Edeconsil Construções e Locações Ltda já recebeu, somente nos quase 16 meses do governo Flávio Dino, o total de R$ 141.570.460,63 (cento e quarenta e um milhões, quinhentos e setenta mil, quatrocentos e sessenta reais e sessenta e três centavos). Os recursos são fruto de pagamentos por serviços supostamente prestados à Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema), por meio do Consórcio EIT/Edeconsil/PB, na interminável ampliação do sistema Italuís; e de contratos com a Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra). 

A empresa, que no contrato com a Sinfra aparece com o nome fantasia Edeconsil Desmatamento Construções e Sinal, pertence ao poderoso empresário Fernando Antônio Leitão Cavalcante, o Fernandão, em sociedade com o não menos poderoso, José Thomaz Cavalcante Filho. 

KARLOS GEROMY/SECAP
Flávio Dino vistoria obras da nova adutora do sistema Italuís, apontado na Lava Jato como um dos braços do esquema comandado pelo doleiro Alberto Youssef 
Durante a segunda fase da Operação Lava Jato, batizada de Bidone, o doleiro Alberto Youssef entregou aos investigadores da força-tarefa da Lava Jato uma planilha com diversos valores relacionados a obras supostamente negociadas por ele e, nas quais, segundo Youssef, houve o pagamento de propina. O valor, de acordo com o doleiro, variava entre 3% e 15% do valor de cada contrato. 

Pelas informações da planilha obtida com exclusividade pelo Atual7, juntamente com a EIT Construções S/A e a PB Construções Ltda, a Edeconsil teve seu nome relacionado às obras da Caema na adutora. Os documentos mostram, por exemplo, que a proposta de Youssef foi encaminhada no dia 12 de janeiro de 2012, e que a escolha do Consórcio EIT/Edeconsil/PB ocorreu na tarde do dia 24 de janeiro daquele ano, duas semanas após o envio da proposta de Alberto Youssef aos responsáveis pela empresa. As obras de substituição da tubulação da adutora começaram dez meses depois, em novembro de 2012, e até hoje não foram concluídas. 

Na lista apreendida pela Polícia, o doleiro lista não somente a empresa, como também um possível representante. No documento, está o nome de José Humberto Tavares. Pelo registro telefônico da época, o número de celular apontado na planilha registra a titularidade do engenheiro Humberto Tavares, então coordenador de obras da Edeconsil. A suspeita dos policiais é que Youssef negociava vantagens junto aos governos estaduais e depois vendia essa facilidade aos donos de empreiteiras. 

“Assim, é claro o envolvimento de Youssef e seu grupo com grandes empreiteiras, e, através da planilha apreendida, pode-se deduzir que o doleiro tinha interesse especial nos contratos dessas empresas, onde de alguma forma atuava na intermediação”, registram os policiais federais em documento relacionado à Lava Jato. 

Mesmo diante de eventuais ilicitudes, o governador Flávio Dino (PCdoB) tem mantido pagamentos sistemáticos ao Consórcio EIT/Edeconsil/PB e ainda contratou a Edeconsil, em separado, para cuidar de obras da Sinfra. De acordo com dados abertos consultados pelo Atual7 no Portal da Transparência, no ano passado, foram efetuados 13 repasses para a Edeconsil relacionados a serviços feitos na adutora e outros 30 efetuados pela Secretaria de Infraestrutura. Somente neste ano já foram 16 repasses, um relacionado aos serviços no Italuís, e o restante à obras da Sinfra, sendo que, somente neste mês de abril, os repasses já ultrapassa a cifra de R$ 6 milhões.


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