Planilhas foram apreendidas com o doleiro
Alberto Youssef. Empresa pertence ao empresário Fernando Cavalcante, o Fernandão
Por: Yuri Almeida
Citada durante as investigações da
Operação Lava Jato, a empresa Edeconsil Construções e Locações Ltda já recebeu,
somente nos quase 16 meses do governo Flávio Dino, o total de R$ 141.570.460,63
(cento e quarenta e um milhões, quinhentos e setenta mil, quatrocentos e
sessenta reais e sessenta e três centavos). Os recursos são fruto de pagamentos
por serviços supostamente prestados à Companhia de Saneamento Ambiental do
Maranhão (Caema), por meio do Consórcio EIT/Edeconsil/PB, na interminável
ampliação do sistema Italuís; e de contratos com a Secretaria de Estado de
Infraestrutura (Sinfra).
A empresa, que no contrato com a Sinfra aparece com o
nome fantasia Edeconsil Desmatamento Construções e Sinal, pertence ao poderoso
empresário Fernando Antônio Leitão Cavalcante, o Fernandão, em sociedade com o
não menos poderoso, José Thomaz Cavalcante Filho.
KARLOS GEROMY/SECAP Flávio Dino vistoria obras da nova adutora do sistema Italuís, apontado na Lava Jato como um dos braços do esquema comandado pelo doleiro Alberto Youssef |
Durante a segunda fase da
Operação Lava Jato, batizada de Bidone, o doleiro Alberto Youssef entregou aos
investigadores da força-tarefa da Lava Jato uma planilha com diversos valores
relacionados a obras supostamente negociadas por ele e, nas quais, segundo
Youssef, houve o pagamento de propina. O valor, de acordo com o doleiro,
variava entre 3% e 15% do valor de cada contrato.
Pelas informações da planilha
obtida com exclusividade pelo Atual7, juntamente com a EIT Construções S/A e a
PB Construções Ltda, a Edeconsil teve seu nome relacionado às obras da Caema na
adutora. Os documentos mostram, por exemplo, que a proposta de Youssef foi
encaminhada no dia 12 de janeiro de 2012, e que a escolha do Consórcio
EIT/Edeconsil/PB ocorreu na tarde do dia 24 de janeiro daquele ano, duas
semanas após o envio da proposta de Alberto Youssef aos responsáveis pela
empresa. As obras de substituição da tubulação da adutora começaram dez meses
depois, em novembro de 2012, e até hoje não foram concluídas.
Na lista
apreendida pela Polícia, o doleiro lista não somente a empresa, como também um
possível representante. No documento, está o nome de José Humberto Tavares. Pelo registro telefônico da época, o número de celular apontado na planilha
registra a titularidade do engenheiro Humberto Tavares, então coordenador de
obras da Edeconsil. A suspeita dos policiais é que Youssef negociava vantagens
junto aos governos estaduais e depois vendia essa facilidade aos donos de
empreiteiras.
“Assim, é claro o envolvimento de Youssef e seu grupo com grandes
empreiteiras, e, através da planilha apreendida, pode-se deduzir que o doleiro
tinha interesse especial nos contratos dessas empresas, onde de alguma forma
atuava na intermediação”, registram os policiais federais em documento
relacionado à Lava Jato.
Mesmo diante de eventuais ilicitudes, o governador
Flávio Dino (PCdoB) tem mantido pagamentos sistemáticos ao Consórcio
EIT/Edeconsil/PB e ainda contratou a Edeconsil, em separado, para cuidar de
obras da Sinfra. De acordo com dados abertos consultados pelo Atual7 no Portal
da Transparência, no ano passado, foram efetuados 13 repasses para a Edeconsil
relacionados a serviços feitos na adutora e outros 30 efetuados pela Secretaria
de Infraestrutura. Somente neste ano já foram 16 repasses, um relacionado aos
serviços no Italuís, e o restante à obras da Sinfra, sendo que, somente neste
mês de abril, os repasses já ultrapassa a cifra de R$ 6 milhões.
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