Por: Carlos Fernandes
O presidente da Câmara e
principal conspirador do golpe, Eduardo Cunha, foi mais uma vez acusado de
receber propinas milionárias de empreiteiras investigadas na operação Lava
Jato.
Desde
que o desinteresse do juiz Sérgio Moro em investigar a família Cunha foi
compensado com as provas documentais vindas da Suíça, o cidadão que conseguiu a
proeza de se tornar o mais inescrupuloso político da história nacional não para
de surpreender em matéria de desonestidade e vilania.
Com
as planilhas apresentadas na delação premiada do empresário Ricardo Pernambuco
Júnior, os já escandalosos cinco milhões de dólares descobertos nas contas
secretas da Suíça agora passaram a ser fichinhas perto das somas
recém-reveladas.
Segundo
o delator, que descreveu em detalhes os encontros mantidos com Cunha para
acertarem como os recursos desviados deveriam ser pagos, a verdadeira fortuna
de 52 milhões de reais seriam repassados em 36 parcelas pelas empresas
responsáveis pelas obras do Porto Maravilha no Rio de Janeiro.
Soma-se
a essa nova denúncia uma compilação avançada do código penal brasileiro
infringido por EC. Sonegação fiscal, corrupção passiva e ativa, peculato,
chantagens e ameaças à integridade física são apenas alguns exemplos do
expediente utilizado pela terceira pessoa na linha sucessória presidencial
enquanto exerce o seu cargo.
Esse
é o “eminente” parlamentar que conduz os trabalhos de um processo de
impeachment que já virou piada no mundo inteiro. Tornou-se simplesmente
impossível explicar à comunidade internacional como uma quadrilha de ladrões
liderada por alguém com tamanhas credenciais ainda pode estar à frente de uma
questão tão traumática para a democracia de uma nação. Sobretudo contra uma
presidente contra quem não pesa uma única acusação criminal.
Mais
do que isso, a tragédia dantesca não seria completa se todas as afrontas
constitucionais que temos presenciado nos últimos meses não estivessem
acontecendo com a benção declarada da mais alta corte do país.
É
revoltante que o pedido de afastamento de Cunha protocolado desde dezembro de
2015, com a urgência e a importância que o assunto requer e representa, ainda
não tenha sido sequer apreciado pelos ministros do STF.
O
desprezo pelas normas constitucionais, aliado à omissão do Supremo, acabou por
criar um monstro que sintetiza claramente o caráter ilegal, antidemocrático,
intolerante e vingativo dessa odisséia golpista.
Já
não restam dúvidas de que aliar-se a Cunha é declarar-se publicamente um
traidor da Pátria. Os que já perceberam isso sabem que a história não os
perdoará e, por isso mesmo, já começam a acordar desse delírio.
O
deputado Waldir Maranhão (PP-MA), que já havia declarado voto a favor do
impeachment, mudou de idéia e agora abandona Cunha. A Folha de S. Paulo, uma
das patrocinadoras do golpe, teve que voltar atrás e já confirma que a oposição
não possui os votos necessários. E o mais hipócrita, FHC, agora quer a
cassação. Do seu ex-pupilo Eduardo Cunha.
Temer,
que sonhou ser presidente sem um único voto, pode estar muito próximo de morrer
abraçado com Cunha. O que a Suprema Corte não lhes deu, a democracia cuidará de
lhes dar.
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