Confiança: artigo de luxo na política do tudo pelo poder
“Política se faz com confiança”. A frase é do ex-presidente José
Sarney, dirigida ao presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão,
deputado estadual Arnaldo Melo, no início deste ano. A afirmação é
emblemática e serve para avaliar o cenário atual dos grupos que disputam
as eleições ao Governo do Estado.
Flavio Dino tem repetido um comportamento que parece definir como ele
faz política – não exatamente com a moeda da confiança. Dino rifou João
Castelo da disputa pelo Senado Federal. Prometeu a vaga de vice ao PDT e
não cumpriu. Fez proselitismo junto à deputada estadual Eliziane Gama
(PPS), prometendo o paraíso em sua coligação, mas a evangélica parece
agora condenada ao inferno das lideranças que desaparecem
instantaneamente da política.
Ao apoiar a candidatura de Aécio Neves à Presidência da República, o
comunista agiu com a presidente Dilma Rousseff como um Don Juan de
periferia. Foi nomeado por ela e usou a Embratur para obter visibilidade
por mais de três anos. Assim que saiu do cargo, virou as costas ao
Governo do PT e foi abraçar justamente a candidatura do maior adversário
da presidente nas eleições, Aécio Neves, do PSDB.
Em sua convenção partidária, realizada no último domingo (29), Dino
recomendou pessoalmente que alguns supostos aliados fossem delicadamente
posicionados longe das fotos ao seu lado. Eram eles: o ex-governador Zé
Reinaldo Tavares, antigo fiador da sua entrada na política; o prefeito
de São Luís, futuro patrocinador de campanha; o deputado federal Waldir
Maranhão, denunciado por envolvimento com doleiros; o deputado federal
Weverton Rocha, condenado pelo Ministério Público Federal pelo desvio de
mais de 5 milhões e o ex-deputado Julião Amim, flagrado em um vídeo
subornando políticos em troca de votos.
Com uma coalização deste nível, confiança é artigo de luxo. Se o
comunista não confia em ninguém ao redor como pode querer que a
população confie em sua proposta de renovação da política?
Do outro lado da disputa, desponta Arnaldo Melo, escolhido para vice
na chapa de Lobão Filho. Melo provou que fidelidade é item obrigatório
em seu grupo político. Mesmo tendo sido preterido por Gastão Vieira na
corrida para o Senado, o presidente da Assembleia Legislativa calou as
intrigas plantadas pela blogosfera comunista que até ontem duvidava de
sua coerência. Esse pode ser um bom começo para que se analise, sem
infantilidade e fanatismo, como agem os grupos políticos que deverão
decidir os destinos do Maranhão.
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