Para o
economista e professor da Unicamp, Luiz Gonzaga Belluzzo, o impeachment da
presidenta Dilma Rousseff significa “uma ruptura nas normas de convivência
democrática e, sobretudo, uma atrocidade contra a soberania do sufrágio
universal”. Nesse sentido, avalia Belluzzo, o governo do vice Michel Temer será
“ilegítimo”, e o país viverá um período de “confusão e turbulência”, que lhe
“custará muito caro”.
Por Joana Rozowykwiat
“Estamos entrando em período no qual vamos ser
governados por um governo ilegítimo. Para mim, não tem legitimidade nenhuma.
Acho até que se os cidadãos quisessem, se não concordassem, param de pagar
imposto, porque o governo não é legítimo, ele é usurpado”, disse o economista,
em entrevista por telefone ao Portal Vermelho, nesta quarta-feira
(11).
No dia em que o Senado vota a admissibilidade do pedido de impeachment, Belluzzo pediu desculpas à reportagem pela “dureza” das declarações. E reforçou: “Se aqui houvesse coragem para a desobediência civil... Eu, por exemplo, não vou mais pagar imposto, porque acho que o governo é ilegítimo, não tem a chancela da soberania popular. Não é possível, é ilegítimo”, afirmou.
Questionado sobre os impactos dessa ruptura na economia, ele declarou que ainda é cedo para fazer análises, uma vez que nem o próprio Temer saberia ainda que medidas tomar – “Uma hora diz uma coisa, outra hora diz outra”, opina. Belluzzo, contudo, previu um período de grandes dificuldades para o país.
“Isso é uma trapalhada. (...) Pode ter um período de graça, que vai ser seguido de uma sucessão de períodos de turbulência, de inquietação. Essa interrupção de um governo democrático é muito grave. Como você acha que a economia vai ficar bem se as pessoas estarão inquietas? O negócio da legitimidade é seríssimo”, defendeu.
De acordo com o professor, Michel Temer deverá implementar uma série de reformas “desagradáveis” e antipopulares, como a trabalhista, a previdenciária e tributária. “Vejo período de enorme confusão no futuro (...). Ele vai ter que passar as reformas e vai ter muita oposição, não falo nem do Congresso, mas de uma parte da população que será atingida. Isso é muito grave”, avalia.
O economista destacou que as “medidas dolorosas” a serem implementadas vão prejudicar o povo. “Sempre que eles falam que vão ter que tomar medidas duras são contra quem? A sociedade é formada de interesses contrapostos, que precisam ser mediados, negociados e o que eles estão fazendo é romper com as regras. Essa é a questão central. O efeito sobre a economia pode ser até favorável no início, mas depois vai começar a aparecer essa insuperável realidade, que é a da não convergência dos interesses”, disse, defendendo que tal convergência só é possível na “negociação democrática e através de instituições legítimas”.
Segundo Belluzzo, “a reputação do Brasil está muito rebaixada” diante do atropelo à democracia. “Não é bom o que isso que está acontecendo. Vai nos custar muito caro. É um retrocesso grave. A gente achou que a democracia estava consolidada que ia avançar, mas é uma ilusão, como disse um amigo meu. Não está”, lamentou.
Prevendo um cenário de “agudização da luta social”, ele teceu críticas ainda à proposta de desvinculação dos gastos constitucionais com Saúde e Educação – algo que integra a plataforma do PMDB, Ponte para o Futuro, e tem sido apontado como uma das ações para um provável governo Temer.
“O que vai acontecer? Conhecendo o Congresso como ele é, isso vai virar emenda parlamentar. Vão passar a mão no dinheiro [da desvinculação]. Só um bobo acha que vão desvincular para melhorar a qualidade do gasto. Até porque não tem mais dinheiro para campanha eleitoral. Vai ser uma ponte aqui, um buraco ali, tudo com o dinheiro da Saúde e da Educação”, condenou.
No dia em que o Senado vota a admissibilidade do pedido de impeachment, Belluzzo pediu desculpas à reportagem pela “dureza” das declarações. E reforçou: “Se aqui houvesse coragem para a desobediência civil... Eu, por exemplo, não vou mais pagar imposto, porque acho que o governo é ilegítimo, não tem a chancela da soberania popular. Não é possível, é ilegítimo”, afirmou.
Questionado sobre os impactos dessa ruptura na economia, ele declarou que ainda é cedo para fazer análises, uma vez que nem o próprio Temer saberia ainda que medidas tomar – “Uma hora diz uma coisa, outra hora diz outra”, opina. Belluzzo, contudo, previu um período de grandes dificuldades para o país.
“Isso é uma trapalhada. (...) Pode ter um período de graça, que vai ser seguido de uma sucessão de períodos de turbulência, de inquietação. Essa interrupção de um governo democrático é muito grave. Como você acha que a economia vai ficar bem se as pessoas estarão inquietas? O negócio da legitimidade é seríssimo”, defendeu.
De acordo com o professor, Michel Temer deverá implementar uma série de reformas “desagradáveis” e antipopulares, como a trabalhista, a previdenciária e tributária. “Vejo período de enorme confusão no futuro (...). Ele vai ter que passar as reformas e vai ter muita oposição, não falo nem do Congresso, mas de uma parte da população que será atingida. Isso é muito grave”, avalia.
O economista destacou que as “medidas dolorosas” a serem implementadas vão prejudicar o povo. “Sempre que eles falam que vão ter que tomar medidas duras são contra quem? A sociedade é formada de interesses contrapostos, que precisam ser mediados, negociados e o que eles estão fazendo é romper com as regras. Essa é a questão central. O efeito sobre a economia pode ser até favorável no início, mas depois vai começar a aparecer essa insuperável realidade, que é a da não convergência dos interesses”, disse, defendendo que tal convergência só é possível na “negociação democrática e através de instituições legítimas”.
Segundo Belluzzo, “a reputação do Brasil está muito rebaixada” diante do atropelo à democracia. “Não é bom o que isso que está acontecendo. Vai nos custar muito caro. É um retrocesso grave. A gente achou que a democracia estava consolidada que ia avançar, mas é uma ilusão, como disse um amigo meu. Não está”, lamentou.
Prevendo um cenário de “agudização da luta social”, ele teceu críticas ainda à proposta de desvinculação dos gastos constitucionais com Saúde e Educação – algo que integra a plataforma do PMDB, Ponte para o Futuro, e tem sido apontado como uma das ações para um provável governo Temer.
“O que vai acontecer? Conhecendo o Congresso como ele é, isso vai virar emenda parlamentar. Vão passar a mão no dinheiro [da desvinculação]. Só um bobo acha que vão desvincular para melhorar a qualidade do gasto. Até porque não tem mais dinheiro para campanha eleitoral. Vai ser uma ponte aqui, um buraco ali, tudo com o dinheiro da Saúde e da Educação”, condenou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário