Estamos
em pleno clima de São João, este ano misturado com a Copa, os brasileiros
sofrendo as agruras de uma seleção que deixou de ser a referência para entrar
no jogo duro da disputa suada. Veja-se o que ocorreu com o jogo com a Costa
Rica. Haja coração!
Mas
não se pode falar em São João do Maranhão, o mais puro e mais belo do Brasil,
sem falar em Alcione Nazareth. Ela faz parte da paisagem do mês de junho e é
ela quem sempre está aqui conosco, com sua voz encantadora, que a tornou a
maior cantora do Brasil contemporâneo, uma DEUSA, respeitada, admirada e
consagrada. Ao lado de Roberto Carlos que é REI, ela é RAINHA.
Leio
que ela está aqui e apresentou-se ontem no grande show do Arraial Pertinho de
Você, onde mais uma vez foi alvo do delírio do nosso povo, que a adora.
Conheci
Alcione muito jovem, menina do Liceu, ou melhor, da Escola Normal, já no
domínio de sua vocação artística, participando de um conjunto colegial, em que
se destacava pelo seu talento e espírito de liderança.
Seu
amor pelo Maranhão é comovente. Driblando todos os seus compromissos, sempre
encontra janela para vir ao Maranhão cantar para o seu povo – e também para
valorizar a música local, a música dos nossos compositores, com as canções do
São João, do Natal, do Carnaval e de todos nossos eventos magnos.
Roseana
consagrou-a, dando o seu nome a um grande viaduto da cidade e eu, presidente da
República, conferi-lhe a maior honraria do Brasil, a medalha da Ordem de Rio
Branco, que recebeu em solenidade do Palácio do Itamaraty.
Duas
figuras de nosso Estado, que é um estado de tradições culturais, que só ergue
estátuas a poetas e escritores, a grandes nomes das letras e das artes, se
destacam na história da música brasileira: Alcione e João do Vale. Ela com sua
voz magnífica, com que vai até a pronunciar com grande clareza todas as sílabas
das palavras, e João do Vale, na sua linha de compositor e grande poeta, com
suas picardias, próprias de nossa terra.
Os
dois são orgulhos nossos e quando Alcione entoa “Maranhão, meu tesouro, meu
torrão” a alma maranhense se engrandece e vibra.
Não
podia encerrar esta crônica sem lembrar meu amigo, seu pai, Nazareth, nas
toadas da despedida que sua filha mantém para eternidade:
“O
céu é o reinado das estrelas, / onde a lua faz sua morada, / e o orvalho é a
lágrima da noite, / que chora pela madrugada. / “Adeus, eu já vou embora. / É
chegada a hora de partir. / Assim como o dia se despede da noite, / Eu me
despeço de ti.”
José
Sarney
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