Em coletiva de imprensa à agências
internacionais, a presidenta Dilma Rousseff reafirmou que o processo de
impeachment em andamento no Senado é um golpe contra o seu mandato porque não
cometeu crime e confirmou que, apesar de considerar o processo um fraude, vai
participar de todas as etapas e oportunidades para debater, justamente para
denunciar e defender a democracia.
“Seria um equívoco monumental entregar a democracia como campo
de debate para outro, para os golpistas”, salientou Dilma. “Supor que eu não
possa ir, que eu não possa falar e dar a eles o monopólio dos espaços
democráticos? A troco de que eu vou fazer isso?”, completou.
Na entrevista, Dilma fez uma autocrítica sobre seu mandato,
citando dois exemplos do que classifica como erros. “O político é que
visivelmente eu errei na escolha do meu vice-presidente... isso é óbvio.E acho
que todo o processo que fizemos de redução de imposto beneficiando o setor
empresarial não resultou em ganhos para o conjunto da economia”, disse.
A presidenta frisou que o golpe em curso é distinto de um golpe
militar como o ocorrido em 1964. Ela fez uma analogia comparando a democracia a
uma árvore. “No caso deste aqui, que a literatura chama de golpe parlamentar,
não é como um machado que corta a árvore da democracia”, disse. “É como se parasitas
e fungos a infestassem.”
Dilma afirmou que, caso o desfecho do impeachment seja pela “condenação
de um inocente”, servirá para levar ao poder, por eleição indireta, “um
programa que não passaria pelas urnas”.
“Não tem como... se quiserem pacto democrático, ele é baseado no
voto popular”, afirmou Dilma, rebatendo a tese do presidente provisório, Michel
Temer (PMDB), de promover um "pacto nacional" a partir do golpe. Para
Dilma, “não é possível tapar o sol com a peneira” sobre a situação política do
país, razão pela qual defende a realização de um plebiscito sobre antecipação
das eleições e sobre uma ampla reforma política.
Sobre o inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) com
base no grampo telefônico entre ela e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, Dilma afirmou que em “nenhum país do mundo” pode-se gravar um presidente
da República sem autorização.
“Eu vou me defender”, enfatizou, salientando que a versão de
obstrução da Justiça não tem fundamento, pois caso o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva ganhasse o status de ministro não deixaria de ser investigado,
uma vez que estaria sujeito ao STF.
Fonte: Portal Vermelho
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