Em busca do poder, prefeituráveis têm agido a despeito do que diziam aos eleitores e costurado alianças inusitadas e difíceis de acreditar
Por: Yuri Almeida
De tempos em tempos, a política
maranhense tem requintes surreais, principalmente nos pleitos municipais.
Com a chegada das eleições, políticos tidos como desafetos ferrenhos abandonam
discursos, críticas e ataques levantados contra adversários até a noite
anterior e, a despeito da decepção de seus eleitores, amigos e até
familiares, passam a formar alianças constrangedoras em nome do poder.
Nas eleições de 2016, como já era
de se esperar, não será diferente. Contudo, novas experimentações dessa
política de conveniência têm chamado a atenção do eleitor mais atento,
principalmente com o crescimento do uso de redes sociais e do advento
de aplicativos de mensagens instantâneas para celular, como WhatsApp e
Telegram.
Necessitada, Gama diz agora que qualquer crítica
quanto ao caos deixado por ex-prefeito tucano não passa de “discurso mentiroso”
Este ano, o caso maranhense mais
emblemático de negociações por conveniência política envolve a
candidatura a prefeita da capital da deputada Eliziane Gama
(PPS). Candidata a prefeitura pela primeira vez nas eleições de 2012, ela
viu seus votos mais que quadruplicarem em São Luís após subir a tribuna da
Assembleia Legislativa com um adesivo para carros onde podia se ler a
palavra “Caostelo”, em referência direta a desastrosa administração do
então prefeito João Castelo (PSDB). Na época, Gama apontava o tucano como
principal responsável pelo caos nas áreas de educação,
infraestrutura, saúde, mobilidade urbana e saneamento básico de São Luís.
Contudo, com a chegada de uma
nova eleição pelo comando da prefeitura, Eliziane Gama mudou. Para ter o
minutos e a verba do PSDB em sua coligação, a novamente candidata a prefeitura
da capital lavou os cabelos, foi atrás e trabalhou para ter em seu palaque o
mesmo “Caostelo” que ela criticava em 2012.
Durante sabatina nessa
quarta-feira 10, por exemplo, Gama se desavergonhou e saiu em defesa do neo
aliado. Desmentindo a si própria, ela chamou o tucano de “amigo”, disse
que teve contra ele apenas “uma certa oposição” e ainda partiu para cima
de quem ouse criticar a herança de descaso e abandono deixada por ele para seus
sucessores: “discurso mentiroso”, atacou.
Outros
camaleões
Há ainda diversos casos de
camaleões pelo Maranhão, que mudam de cor e a direção da língua de acordo com o
caminho mais fácil para chegar ou se manter no poder.
Em Timon, por exemplo, a união
é entre os Almeida e o Waquim; em Colinas, ocorre o abraço entre o clãs
Brandão e Jerry; em Buriticupu, a política de conveniência fica por conta dos
Primo e Gildan; em Dom Pedro, entre os Macedo e os Costa; e em Nina Rodrigues,
entre Braga e a oligarquia Quaresma.
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