Por: Ediel Rangel
Com
tanto caos político que vivemos aqui, na terra dos Tupiniquins, onde alguns
políticos podem ter a sua idade determinada apenas por teste de carbono 14
ainda estão intocáveis em suas atividades parlamentares; onde outros, com
tantas provas contra si, são mais escorregadios do que sabonete envolto em
vaselina (Sim, me refiro ao Cunha que ainda não foi cassado). Onde as
negociatas e as chantagens não são mais escondidas, são até noticiadas,
televisionadas. Ora, que democracia é esta onde a representatividade popular é
suprida por interesses pessoais, partidários e de grandes capitais?
É
isso que se sente. O povo não é representado pelo congresso. E a prova foi
televisionada no dia da vergonhosa votação do congresso para o impeachment da
Presidenta Dilma.
“Pela
minha família… Pelo meu filho… Pelo meu neto… Pela minha esposa que amo mais
que minha amante… Pelos corretores de imóveis… Pela maçonaria… Pelo pov… Não,
esse não.” Só faltou algum outro pouco dotado de massa encefálica dedicar o seu
voto aos irmãos Koch ou outra coisa mais sinistra. Eu não ficaria admirado. Mas
o que me admira é pensar o quanto é falho o nosso sistema político-democrático.
Escolhemos
mesmo quem irá nos representar? Escolhemos de fato quem será o nosso
prefeito/prefeita, presidente/presidenta ou governador/governadora?
Não!
A resposta é não. Nós não escolhemos ninguém, apenas votamos nos escolhidos e
elegemos quem tem maior capital para realizar uma boa propaganda e contratar a
melhor equipe de estrategistas e marqueteiros. E isso, camaradas, ocorre desde
as grandes capitais às pequenas cidades do interior de nosso país.
Os
grupos políticos começam a se formar com um intuito único: vencer das eleições
para se beneficiarem. Reúnem-se e escolhem dentro de seus grupos o que melhor
irá representar o partido, o grupo, não o povo.
Infelizmente,
no Brasil, há pouca ideologia partidária. Poucos votam em um partido pela
ideologia seguida. Sou mais ousado e afirmo que são poucos os que observam qual
é o partido de seu candidato e quais são as posturas do mesmo. O que vale é o
marketing pessoal do candidato (e com muita maquiagem).
Ora,
as bancadas BBB explicam bem como isso é feito. Escolhem e injetam grana com o
intuito de eleger candidatos para a sua bancada, para lutar por seus interesses
específicos, por seus negócios, por suas finanças e, se sobrar tempo, pelo
povão.
A
verdadeira democracia deve vir do poder do povo e para o povo; um poder direto
e não dessa forma medíocre, de migalhas que caem da mesa – assim como estamos
acostumados –, onde o “poder” é temporal: sendo mais específico, a cada
eleição. Aí o povo é lembrado, é requisitado e é importante. É nessa época que
os nossos políticos dão exemplo de humildade em cadeia nacional, para pedirem
os nossos sagrados votos.
Quando
surge uma oportunidade de ser dar poder ao povo ou, pelo menos, de permitir uma
maior participação nas decisões públicas, os nossos representantes logo dão um
jeito de “podar” essa possibilidade a qualquer custo. A exemplo, a reprovação
da proposta da implantação da Política Nacional de Participação Social (PNPS),
a qual estabelece consulta a conselhos populares por órgãos do governo antes de
decisões sobre a implementação de políticas públicas. Veja bem, os conselhos
seriam consultivos e seriam uma forma da população local ser ouvida sobre
determinada política a ser implantada. O que temos hoje é uma forma
horizontalizada de imposição de políticas públicas, muitas vezes de forma
engessada, sem levar em consideração as peculiaridades regionais que só quem
ali vive e convive sabe diferenciar. Mas qual é o medo do congresso? O medo é
de perderem poder. Medo de quem os elegeu e não representam. Medo do povo.
Temos
um sistema eleitoral-político falho e de eleições indiretas. Tem de haver uma
reforma política profunda, que quebrará velhos paradigmas democráticos. Talvez,
até uma mudança na forma que acreditamos, hoje, ser uma democracia.
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