Audiência pública discutiu polêmica gerada pela não nomeação de membros eleitos do Cejovem e tentativa do governo de mudar lei |
Por: Daniel Matos
Eleito
em maio de 2016, o Conselho Estadual de Juventude (Cejovem), responsável por
propor e fiscalizar a execução de políticas de apoio, incentivo e
desenvolvimentos dos jovens de 15 a 29 anos, ainda não teve seus membros
nomeados. Cabe ao governador Flávio Dino (PCdoB) fazê-lo, mas o comunista se
recusa a dar posse aos novos integrantes porque nenhum deles mantém ligação
político-partidária com o Palácio dos Leões.
O conflito gerado
pela resistência de Flávio Dino em dar posse ao Cejovem tem como pivô a União
da Juventude Socialista (UJS), braço do movimento político jovem atrelado ao
comunismo e a outras correntes de esquerda. Sem força para eleger representante
no conselho, a organização ingressou com ação na Justiça para tentar anular o
pleito, mas não obteve êxito.
Sem influência na
composição do conselho, o governador não só reluta em efetivar os seus membros,
como tenta, a todo custo, alterar as regras do jogo, primeiro, por meio da ação
judicial movida pela UJS, depois, articulando uma mudança na legislação, via
projeto de lei, enviado à Assembleia Legislativa sem ao menos consultar o Fórum
Estadual de Juventude e os conselheiros eleitos, que são ligados a pastorais,
ONGs e outras organizações da sociedade civil.
Sem autonomia
Os conselheiros
eleitos alertam que a mensagem enviada pelo Executivo ao Legislativo prevê a
perda de autonomia de fiscalização do Cejovem. Seria uma espécie de retaliação
porque nenhum dos membros adota postura submissa ao poder palaciano. “Por isso,
barramos”, justifica uma conselheira eleita, referindo-se a uma audiência
pública na qual o projeto que prevê a reformulação do conselho foi rejeitado.
Para que seja votado
pela Assembleia Legislativa, o projeto de reformulação do Cejovem precisa ser
discutido e sua minuta deve ser aprovada em assembleia geral convocada para
esse fim. Como a tentativa de diálogo fracassou, o processo foi encaminhado ao
Ministério Público, que ficou de visitar as entidades que compõem o Cejovem,
mas ainda não o fez.
Interferência
Outra acusação dá
conta da interferência do secretário de Estado da Comunicação e Assuntos
Políticos, Márcio Jerry, no processo. Pré-candidato a deputado federal, Jerry,
que também preside o PCdoB no Maranhão, estaria por trás de uma trama que visa
submeter o Cejovem ao controle da sua pasta, atropelando, inclusive, a
Secretaria de Estado da Juventude (SEEJUV).
Vinculado hoje às
secretarias de Planejamento e Fazenda, o conselho seria incorporado ao
organograma da Secap e seria rebaixado à condição de mero instrumento político,
servindo, inclusive, como moeda de troca para o projeto eleitoreiro comunista.
Os conselheiros
eleitos afirmam que a tentativa de engessar o Cejovem é inédita e lembra que os
governos anteriores ao de Flávio Dino (José Reinaldo Tavares, Jackson Lago e
Roseana Sarney) respeitaram a autonomia do conselho.
Outro lado
A Secretaria de
Estado Extraordinária da Juventude (SEEJUV) esclarece que o Ministério Público
Estadual recomendou a suspensão da posse dos novos conselheiros devido às ações
judiciais de entidades da sociedade civil, que pediram o cancelamento do
processo eleitoral.
A recomendação também
implicou na alteração da lei do Conselho Estadual da Juventude (Cejovem), para
que o mesmo se adeque à lei do Conselho Nacional da Juventude.
A SEEJUV esclarece
ainda que o Conselho continuará vinculado à Secretaria de Estado dos Direitos
Humanos e Participação Popular (SEDIHPOP).
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