Por: Yuri Almeida
A farra com dinheiro público para o
sustento de filhos e sobrinhos de desembargadores como funcionários fantasmas
na Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão, durante fevereiro de 2015 a
junho de 2016, onerou os cofres do Poder Legislativo estadual quase R$ 1,2
milhão.
O dispêndio, que salta os olhos não
somente pelo valor, mas principalmente por cair no bolso de herdeiros de quem
deveria guardar a lei, é resultado de levantamento do ATUAL7 em dados abertos
da AL-MA, e cruzado com a lista de nomes e vencimentos de todos os
parlamentantes e funcionários (efetivos, comissionados, contratados e
requisitados) lotados na Casa.
Nelma Sarney / Telmo Mendes da Silva
Filho
Entre os filhos da toga que recebem
como fantasma está um irmão da desembargadora e ex-corregedora-geral de
Justiça, Nelma Sarney. Lotado na AL-MA desde o dia 9 de fevereiro do ano
passado, Telmo Mendes da Silva Filho ocupa o cargo em Comissão, Símbolo DAS-3,
de Secretário Executivo, e recebe mensalmente R$ 5.548,80 (cinco mil,
quinhentos e quarenta e oito reais e oitenta centavos). Ao todo, Telminho, como
é mais conhecido o sobrinho de Nelma, já embolsou R$ 88.780,80 (oitenta e oito
mil, setecentos e oitenta reais e oitenta centavos). Ele é lotado no gabinete
do deputado Hemetério Weba.
Cleonice Freire / Themis Silva Freire
Apesar da crise que afeta o setor
econômico de todo o país, quem também não foi afetada pela alta do desemprego
foi a filha da desembargadora e ex-presidente do Tribunal de Justiça do
Maranhão, Cleonice Freire. Themis Silva Freire foi nomeada na Casa no dia 10 de
fevereiro de 2015, para o cargo em Comissão, Símbolo DANS-1 de Assessor
Parlamentar. Com super salário de R$ 12.557,54 (doze mil, quinhentos e
cinquenta e sete reais e cinquenta e quatro centavos), em apenas 16 meses de
sinecura, Themis Freire já embolsou o total de R$ 200.920,64 (duzentos mil,
novecentos e vinte reais e sessenta e quatro centavos).
Ela é lotada na Presidência da Casa,
e pode ser considerada, pelo valor de seus vencimentos, a maior fantasma da
AL-MA. Pelo menos da categoria filhos de desembargador, perdendo apenas para um
sobrinho de outro magistrado, mostrado pela reportagem mais abaixo.
Jamil Gedeon / Mizzi Gomes Gedeon
Também ganhou um emprego fantasma na
Assembleia a filha do desembargador e ex-presidente do TJ-MA, Jamil Gedeon. Nos
quadros do Legislativo estadual desde o início de fevereiro de 2015, Mizzi
Gomes Gedeon ocupa o cargo em Comissão, Símbolo DANS-1, de Assessor
Parlamentar, recebendo mensalmente R$ 9.707,19 (nove mil, setecentos e sete
reais e dezenove centavos). Ao todo, como 16 meses de funcionária fantasma do
Poder Legislativo do Maranhão, Mizzi Gedeon embolsou o total de R$ 155.315,04
(cento e cinquenta e cinco reais, trezentos e quinze mil e quatro centavos).
Mizzi também é lotada na Presidência da AL-MA, ou seja, também é fantasma
direta do presidente Humberto Coutinho (PDT).
José Joaquim Figueiredo dos Anjos /
Karlos Parabuçu Santos Figueiredo dos Anjos
Outro que tem um filho como
funcionário fantasma na AL-MA é o desembargador José Joaquim Figueiredo dos
Anjos, também desde o 1º dia de fevereiro do ano passado. Karlos Parabuçu
Santos Figueiredo dos Anjos ocupa o cargo em Comissão, Símbolo DANS-1, de
Assessor Parlamentar, embolsando R$ 5.573,25 (cinco mil, quinhentos e setenta e
três reais e vinte e cinco centavos). Com 16 meses de fantasma, Karlos
Figueiredo dos Anjos comeu o total de R$ 89.127,00 (oitenta e nove mil, cento e
vinte e sete reais).
Assim como a maioria dos fantasmas, o
filho do desembargador José Joaquim Figueiredo dos Anjos também é lotado na
Presidência da Assembleia Legislativa.
Luiz Gonzaga de Almeida Filho / Luana
de Saboia Almeida
Outra que recebe sem trabalhar, e
pode ser considerada o maior simbolo da impunidade a quem pratica esse tipo de
crime do Poder Legislativo do Maranhão, é a filha do juiz Luiz Gonzaga de
Almeida Filho. Luana de Saboia Almeida, que é advogada, é lotada como diretora
Adjunta de Recursos Humanos, Símbolo Isolado-1. Ou seja, é uma fantasma-chefe
lotada no setor que é responsável justamente por cuidar dos funcionários da
Casa. É uma fantasma que cuida de fantasmas. Por não trabalhar, Luana embolsa o
salário de R$ 9.707,19 (nove mil, setecentos e sete reais e dezenove centavos).
Ao todo, como 16 meses de funcionária
fantasma-chefe do Poder Legislativo do Maranhão, Luana Saboia embolsou o total
de R$ 155.315,04 (cento e cinquenta e cinco reais, trezentos e quinze mil e
quatro centavos). Como é diretora-ajunta, ela responde diretamente à
Presidência da Casa.
Expedientes esporádicos
Se há a possibilidade de se apontar
um funcionário meio fantasma, o desembargador Jorge Rachid e até o presidente
do Poder Judiciário do Maranhão, desembargador Cleones Cunha, podem ser
considerados como pais desse tipo de cria.
Jorge Rachid / Jorge Rachid Mubarack
Maluf Filho
Do primeiro, a AL-MA abriga o filho
Jorge Rachid Mubarack Maluf Filho, nomeado para o cargo em Comissão Símbolo
Isolado-1 de Subprocurador Judicial, desde fevereiro do ano passado. Para
aparecer de vez em quando na Casa, Rachid Filho recebe religiosamente R$
12.327,19 (doze mil, trezentos e vinte e sete reais e dezenove centavos),
perfazendo o total de R$ 197.235,04 (cento e noventa e sete mil, duzentos e
trinta e cinco reais e quatro centavos) embolsado de forma criminosa.
Cleones Cunha / Carlos Seabra de
Carvalho Coelho
Já do segundo, Cleones Cunha, quem
aparece vez por outra, mais para passear do que para trabalhar é o seu
sobrinho, o advogado Carlos Seabra de Carvalho Coelho. Nomeado para o cargo em
Comissão Símbolo Isolado de Procurador Geral Adjunto da AL-MA, desde o 1º de
fevereiro do ano de 2015, Carlos Seabra embolsa o salário de R$ 18.188,94 (dezoito
mil, cento e oitenta e oito reais e noventa e quatro centavos). Ao todo, ele já
levou em apenas 16 meses o total de R$ 291.023,04 (duzentos e noventa e um mil,
vinte e três reais e quatro centavos).
Para encontrá-lo, é mais fácil ir em
seu escritório de advocacia, onde também presta, coincidentemente, serviços
para a Prefeitura de Caxias. O município é feudo eleitoral do presidente da
Assembleia Legislativa, e atualmente ainda controlado pelo seu sobrinho, Léo
Coutinho (PSB).
Ao todo, os filhos e o sobrinho da
toga já meteram no bolso, de forma ilícita, o total de R$ 1.177.716,60 (hum
milhão, cento e setenta e sete mil, setecentos e dezesseis reais e sessenta
centavos).
Outro lado
Durante dois meses, o ATUAL7 tentou
encontrar todos os fantasmas citados na reportagem em seus respectivos setores
de lotação, mas nenhum foi localizado. Em uma das investigações, seguranças da
Casa chegaram a expulsar o editor do blog do setor de Recursos Humanos da
AL-MA.
O diretor de Comunicação Social da
Assembleia, Carlos Alberto Ferreira, tem sido insistentemente procurado para
esclarecer o abuso de autoridade dos seguranças, bem como comentar sobre a
existência dos funcionários fantasmas, porém tem evitado receber a reportagem
no Complexo de Comunicação da AL-MA e não respondido a nenhuma das várias
mensagens enviadas.
Os contatos dos fantasmas também não
foram fornecidos pelo diretor Carlos Alberto.
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