Postado em 30 de janeiro de 2015 por Camarão seco
O
antisarneyzismo maranhense revela ter sido apenas um artifício para ludibriar o
eleitorado e, assim, vencer as eleições de 2014. A recente declaração do
secretário mais influente da corte, senhor Márcio Jerry Saraiva Barroso
(Articulação Política), de que o governo estaria “extinguindo os privilégios”
também não prima pela veracidade, já que há muitos privilegiados nomeados em
cargos públicos, cujo critério foi o grau de parentesco ou mera colegagem.
A prática do
compadrio era uma das mais condenadas pelo governador do Estado, Flávio Dino
(PCdo), em campanha eleitoral. No entanto, o que se percebe em sua gestão é
somente uma reprodução ainda mais provinciana das velhas práticas dos coronéis:
esposas, namoradas, filhos de sócios e outros agregados. Há também blogueiras e
aqueles que não são parentes, mas que atuam como “fakes” nas redes sociais,
apenas para achincalhar os adversários do governador, agora ocupando cargos de
relevância no governo do Estado. Não estranhem se alguma madrinha de Dino na
infância aparecer nomeada no Diário Oficial. O garoto dava muito trabalho.
Leia a
matéria do jornal Folha de São Paulo:
Dino nomeia parentes de aliados no Maranhão
Diógenes
Campanha
Da FOLHA DE
SÃO PAULO
Principal
adversário da família Sarney no Maranhão, o governador do Estado, Flávio Dino
(PC do B), abriga em postos importantes parentes, namorada e até sócio de
aliados.
A prática não
configura nepotismo, já que os nomeados não atuam nos mesmos órgãos que os
auxiliares aos quais são ligados. Mesmo assim, vem rendendo críticas a Dino,
que condenava o nepotismo no governo dos Sarney.
O secretário
de Articulação Política, Márcio Jerry, tem a namorada chefiando o gabinete do
governador e a irmã dela como número dois da pasta de Esporte e Lazer.
A professora
Joslene da Silva Rodrigues, namorada de Jerry, é dirigente do PC do B e próxima
de Dino. Atuou na coordenação das campanhas e em seu gabinete quando ele foi
deputado federal.
A irmã dela,
Joslea, foi nomeada secretária-adjunta de Esporte. Ex-judoca, chefiou o
departamento do idoso da pasta entre 2009 e 2013, no governo Roseana Sarney
(PMDB), e atuou no Ministério do Esporte, comandado até 2014 pelo PC do B.
Na Secretaria
de Representação Institucional do Maranhão no DF, a adjunta carrega um
sobrenome conhecido: Liz Ângela Gonçalves de Melo é irmã do presidente do
instituto de terras do Estado.
Ana Karla
Silvestre Fernandes, mulher do ex-governador e futuro secretário de Minas e
Energia, José Reinaldo Tavares, foi nomeada corregedora-geral do Estado.
Outro parente
nomeado, o advogado César Pires Filho, assessor jurídico do Instituto de
Metrologia e Qualidade Industrial do Maranhão, tem sangue oposicionista. Seu
pai, o deputado estadual César Pires (DEM), foi líder do governo Roseana na
Assembleia.
A presença de
familiares no governo era uma das principais críticas da oposição nos anos de
predomínio do grupo de Sarney. Um dos exemplos mais conhecidos era Ricardo
Murad, cunhado de Roseana, que comandou a Secretaria da Saúde até o 2014.
Além de
parentes, a gestão Dino terá o antigo sócio de um secretário justamente na
pasta de Transparência e Controle, uma das principais promessas de sua
campanha.
O titular,
Rodrigo Lago, nomeou como chefe da assessoria especial Marcos Canário Caminha,
com quem dividia um escritório de advocacia.
Embora o
governo defenda as nomeações (leia texto abaixo), um de seus auxiliares admite
“incômodo político”.
“Do ponto de
vista jurídico, é evidente que não caracteriza nepotismo. Sob o ponto de vista
político, não deixa de ser um certo incômodo, porque afinal de contas a gente
vinha se debatendo com o grupo Sarney”, afirma o futuro secretário de
Representação Institucional no DF, Domingos Dutra.
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