Depoimento de ex-diretor da Petrobras sobre doações complica Flávio Dino
Governador do Maranhão foi um dos eleitos financiados com dinheiro de investigadas em corrupção na estatal
Em uma explicação didática ao Ministério Público Federal sobre a dinâmica das eleições, o ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, acabou complicando o governador Flávio Dino (PCdoB), um dos 19 candidatos a governador eleitos em 2014 bancados pelas empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato por assalto aos cofres da petrolífera. Em outro depoimento, Costa também provocou tensão na ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), antecessora de Dino, ao apontá-la como recebedora de propina.
- É uma grande falácia afirmar que existe doação de campanha no Brasil, quando na verdade são verdadeiros empréstimos a serem cobrados posteriormente, a juros altos, dos beneficiários das contribuições quando no exercício dos cargos - detalhou Costa, num dos trechos da delação premiada firmados com a Justiça.
A revelação do ex-diretor da Petrobras é a mesma feita por um dos idealizadores da Lei da Ficha Limpa, o juiz da comarca maranhense de João Lisboa, Márlon Reis. Ontem (9), pelo Twitter, pouco tempo depois de compartilhar a declaração de Costa sobre o intricado sistema de desvios de recursos da Petrobras para irrigar campanhas políticas, o magistrado declarou que "não existe doação empresarial no Brasil", que, "em regra o que acontece é agiotagem com dinheiro público".
De acordo com a prestação de contas divulgada por Dino ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do total de R$ 38,9 milhões repassados pelas empresas da Lava Jato em doações no pleito passado, pelo menos R$ 2.057.000,00 foi para a campanha do comunista ao comando do Palácio dos Leões, por meio de duas, das nove empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção na Petrobras.
Maior financiadora de campanha do governador do Maranhão em 2014, a OAS depositou o total de R$ 1.157.000,00, divididos em depósitos que vão de R$ 7,5 mil a R$ 580 mil, diretamente na conta de Flávio Dino. Além desse montante, outros R$ 600 mil foram depositados na conta do Diretório Nacional do PCdoB e posteriormente transferidos à conta do comitê de campanha.
Já a UTC Engenharia, envolvida ainda no caso do pagamento irregular de precatórios do Maranhão por meio de uma dos seus braços, a Constran, doou R$ 300 mil, divididos em dois cheques, um de R$ 200 mil e outro de R$ 100 mil, depositados na conta da direção estadual do PCdoB, que repassou o dinheiro à campanha de Dino.
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