Por: Ribamar Côrrea
Ganha corpo nos bastidores da corrida
às urnas em 2018 um projeto que poderá agitar ainda mais a já intensa disputa
pelas duas cadeiras no Senado. Trata-se da possível candidatura da deputada
federal Eliziane Gama (PPS), que depois do fracasso retumbante na briga pela
Prefeitura de São Luís no ano passado, estaria decidida dar uma guinada radical
na sua carreira, podendo alcançar o Olimpo da vida parlamentar brasileira ou
mergulhar nas trevas de uma derrota que poderá remetê-la para a aposentadoria
política precoce. Eliziane Gama estaria estimulada por pesquisas que indicariam
que os nomes já postos e com candidaturas irreversíveis – Weverton Rocha (PDT),
José Reinaldo Tavares (PSB), Sarney Filho (PV), Waldir Maranhão (PP), Edson
Lobão (PMDB), entre outros – não estão ainda com suas bolas cheias, sobrando,
portanto, espaço para uma candidatura politicamente consistente e
eleitoralmente forte, perfil no qual ela acredita se encaixar.
A
deputada federal Eliziane Gama tem todos os requisitos e qualificações para
pretender entrar na briga senatorial. É politicamente correta e sua carreira
parlamentar é saudável e eficiente. É estudiosa, dedica-se a temas espinhosos –
como defesa da infância e da juventude, combate ao estupro, combate às drogas,
combate á violência de toda natureza – dos quais a maioria dos políticos foge,
exatamente por serem politicamente ásperos, complexos e eleitoralmente
estéreis. Fala sempre com propriedade, exibindo números, estatísticas, enfim,
informações que dão credibilidade aos seus discursos e acentuam a amplitude da
sua atuação no Poder Legislativo. Demonstrou isso na Assembleia Legislativa,
onde se revelou, e na Câmara Federal, onde tem exercido um mandato produtivo e
indiscutivelmente bem avaliado, ainda que distante dos holofotes.
Ao
mesmo tempo em que constrói uma carreira respeitável, Eliziane Gama tem
surpreendido pelos equívocos na sua caminhada política e partidária. Essa face
marcada pela instabilidade partidária foi demonstrada em toda a sua
complexidade nos meses que antecederam às eleições municipais do ano passado,
quando ela se candidatou à Prefeitura de São Luís. Insatisfeita no PPS, deixou
o partido e ingressou na Rede Sustentabilidade, a instável barca partidária da
ex-senadora Marina Silva, mas logo percebeu que a barca estava furada. Ensaiou
um namoro com o ninho dos tucanos, mas também se deu conta de que seria uma
fria. Assim, depois de ter cometido todos os erros e equívocos que a movediça
praia partidária pode tolerar, a parlamentar retornou ao leito seguro do PPS, a
face moderada das versões comunistas criadas no Brasil. O resultado desses
tropeços políticos – que só prejudicou a ela própria – foi um retumbante
fracasso nas urnas, depois de pontificado meses como líder na preferência do
eleitorado, segundo seguidas pesquisas.
Depois
de um “mergulho” no trabalho parlamentar, que ganhou volume e elogios com
cruzada que vem empreendendo contra as drogas e que já a levou a todas as
regiões do Maranhão, e na sua atuação no plenário e nas comissões técnicas da
Câmara Federal, a deputada federal Eliziane Gama estaria informando a grupos
fechados que decidiu mesmo encarar a corrida senatorial. Enxerga no cenário de
agora um campo fértil para plantar o projeto de candidatura, acreditando que
tem condições de encarar os correntes já postos e dobrá-los nas urnas. Sabe que
por trás de cada aspirante a senador existe um forte esquema político e
eleitoral sendo articulado, e que, tanto quanto a disputa para o Governo do
Estado, a briga pelas cadeiras do Senado já se desenha como uma guerra entre o
movimento liderado pelo governador Flávio Dino (PCdoB) e o Grupo Sarney.
Se
entrar, de fato, com os pés no chão nessa guerra, elegendo um discurso de
renovação e encarnando os ideais da geração que representa na política do
Maranhão, Eliziane Gama reúne todas as condições para se colocar entre os que
de fato têm chance de chegar lá. Tem consciência de que o jogo é bruto e que a
estas alturas ela dificilmente terá sua candidatura abraçada pelo Palácio dos
Leões, por exemplo. Ou seja, seu voo senatorial terá de ser solitário. Mas com
vantagem de ser mulher e propor uma candidatura sem amarras pode ser o mote que
precisa para atrair o eleitor.
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