Mesmo sem a vivência no ambiente das redações, o jornalista Márcio Jerry, hoje transformado em secretário todo-poderoso de Flávio Dino, construiu uma reputação sólida como professor acadêmico do curso de Comunicação Social da UFMA. É um teórico, um formulador de políticas de comunicação. Daí o espanto com a sua nota, publicada ontem em redes sociais, em que exorta jornalistas, radialistas e blogueiros a “não repercutir boatos e ações criminosas”.
Com relação a boatos, estou de acordo. Qualquer informação deve ser cuidadosamente checada, antes de divulgada. Isto constitui o óbvio ululante. Querer que não se divulguem as ações patrocinadas por bandidas, além de soar pretensioso, constitui desrespeito com a profissão, em primeiro plano, e com a sociedade, que é a legítima destinatária da informação.
Em outro trecho de sua postagem, Márcio Jerry conclama seus colegas de profissão a selarem um pacto com o governo contra a criminalidade. Como tese, pode até parecer bonito. Na prática é um desastre, porque embute a ideia de uma defesa cega do poder constituído e elimina do jornalismo a sua essência, que se pauta na investigação e na crítica.
A imprensa não tem que fazer pacto com quem quer que seja, porque todas as vezes em que isso acontece é a sociedade que se vê golpeada no seu direito de ser bem informada. O único pacto imaginável para a mídia é com o interesse público.
Eu nem costumo dar ressonância a anomalias desse gênero. Faço-o em atenção à biografia do Márcio e também para que ele reflita sobre tamanha bobagem, se é que ainda lhe sobra um pingo de humildade, se é que algum dia a teve.
Nonato Reis é jornalista e foi repórter de O Estado do Maranhão e Folha de São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário